[Resenha] O Amor nos Tempos de Likes

Oiii gente. Tudo bem? Andei um pouco sumida, mas já estou de volta :D

Primeiras impressões equivocadas? Confere.
Relacionamentos repletos de desconfianças? Confere.
Amores impossíveis? Confere.
Achou tudo isso familiar? Não é apenas uma coincidência. O amor nos tempos de likes traz três contos modernos inspirados em grandes obras da literatura: Orgulho e Preconceito, Dom Casmurro e Romeu e Julieta.
As pessoas seriam mais felizes se não vivessem a expectativa de outras pessoas.

Tão logo vi a proposta desse livro já tive vontade de lê-lo. Sempre gostei muito dos três clássicos, mas, sendo Orgulho e Preconceito meu livro preferido, imaginei que este seria meu conto preferido. Posso dizer, no entanto, que tive uma surpresa mais que agradável ao me apaixonar pelos outros dois contos também.
Adorei a forma com que cada autor trouxe essas histórias tão conhecidas por todos nós de uma maneira nova, em uma realidade contemporânea, com mensagens de texto, youtubers, escritores e quilômetros de distâncias.
Caramba, quem você pensa que é?! Beto, você é só um cara. E eu sou uma imensidão, sinto universos crescendo dentro de mim todos os dias. E você continua sendo só um cara que infelizmente pensei que poderia mudar, que poderia ser diferente.
A essência de cada um dos livros originais, e, principalmente, de seus personagens, está muito presente e inserida em um contexto moderno, abordando não só o amor, mas temas atuais, como o empoderamento feminino, relacionamentos abusivos e homossexualidade.
O primeiro conto “Próximo destino: amor”, foi escrito pela youtuber Pam Gonçalves, que acompanho sempre e me fez ter ainda mais vontade de ler esse livro. Baseado em Orgulho e Preconceito, conta a história de Liz, uma famosa youtuber que se vê presa em um aeroporto onde encontra Willian, uma das pessoas mais irritantes e que faz justamente o que mais odeia, começando a julgá-la sem nem sequer saber qualquer coisa sobre ela. Adorei demais a escrita da Pam, o que me deixou mega curiosa para ler seu livro solo, Boa Noite.
O ódio e o amor caminham juntos. Muitas vezes eles são usados como disfarce. Pessoas que nos odeiam se fingem de amigas para aplicar o bote. E pessoas que nos amam fingem odiar por ter medo de amar. É muito mais fácil odiar do que amar. No ódio, você se fecha. No amor, se abre e fica vulnerável.
O segundo, baseado em Dom Camurro, (Re)começos, escrito por Bel Rodrigues, nos apresenta Madu, garota de olhos expressivos que parte rumo a Búzios em busca de um recomeço para sua vida. Lá ela resolve entrar em um bar com encontros às escuras, e o que tinha tudo para ser um desastre acabou se revelando uma surpresa mais que agradável. Esse foi o conto que mais gostei. E também o que tem as melhores citações. Dito isto, nem preciso dizer o quanto me apaixonei pela escrita da Bel, não é mesmo?
Seria terrível ter que conviver com palavras que não foram ditas e com beijos que não foram dados, não é? Nós não sabemos de nada, não sabemos como as coisas podem mudar se deixarmos o orgulho de lado. Nunca sabemos quando tudo pode dar errado.
Por fim, mas não menos importante, uma versão moderna de Romeu e Julieta, escrita por Hugo Francioni e Pedro Pereira e intitulada 337 Km. Novamente temos um romance impossível, só que sem tragédias dessa vez. Agora o grande vilão não são as famílias, mas a distância, porque passa o tempo, mas as coisas continuam sendo sempre complicadas. Não posso deixar de comentar sobre as inúmeras referências nerds, literárias e televisivas que existem na história, que deixaram tudo ainda mais divertido. Aliás, esse foi o conto mais divertido de todos.
Humm... Cabelos ruivos e vestes de segunda mão. Você deve ser o Ramon.
Uma coisa que achei muito legal são que as histórias se cruzam em algum momento, ainda que de forma bem singela. As histórias se passam todas no Brasil e em um mesmo lapso temporal e gostei da forma como elas foram interligadas, mostrando o quanto as coisas a nossa volta nos influenciam e podem contribuir de forma positiva em nossas vidas (pode não ter sido a intenção, mas não consigo não tentar achar significados ocultos nas coisas hahaha).

Ademais, a obra traz uma mensagem muito importante e que, infelizmente, não se trata de uma realidade, pois vivemos ainda em meio a preconceitos e desigualdades, com muita intolerância e comportamentos abusivos. E o livro traz justamente isso, em uma celebração às diferenças, à luta pela aceitação e ao que verdadeiramente importa: a igualdade e o amor que move, transforma e aproxima.
As coisas precisavam acontecer, mágoas antigas precisavam ser curadas para que novas mágoas fossem construídas. E assim continuaria a vida, porque ela nunca se interrompe para que você levante de uma queda; é justamente essa continuidade que faz as feridas cicatrizarem.
Esse livro é muito amor envolvido mesmo, desde as histórias até a edição feita pela Galera Record, toda fofinha, com uma ótima diagramação, ilustrações minimalistas e um lindo esquema de cores. Azul, laranja e verde combinam demais *-*
Só tem um defeito. As histórias são curtas hahah. Me vi envolvida demais em cada uma e não queria que acabassem de jeito nenhum então finalizei esse livro com a certeza de que irei relê-lo algum dia.
Julgamos um sorriso sem saber quanta dor é emitida para mantê-lo no rosto.
Foi uma leitura leve, envolvente, rápida (infelizmente rs) e apaixonante demais. Em meio a essa era digital que vivemos, onde nem sempre tudo o que se posta é verdade e o que importam são os números de likes, é bom perceber que o amor, em suas mais variadas formas, continua sendo tão arrebatador quanto nos clássicos, propulsionando sonhos, além de quebrar quaisquer pré-conceitos, sendo um verdadeiro modificador de vidas.
Nota: 4 estrelas.
Nanda

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