Mentira Perfeita é o spin-off do
livro Procura-se um Marido que chegou esse ano para me deixar ainda mais
apaixonada pela Carina Rissi. Já li todos os livros dela e meu preferido sempre
foi o Perdida, mas confesso que esse empatou no primeiro lugar com sua história
enrolada e encantadora do jeito que só a Carina sabe criar com maestria. Não precisa
ter lido Procura-se um Marido, mas eu recomendo a leitura prévia.
O livro conta a história da
Julia, apaixonada por tecnologia, que trabalha como programadora e mora com sua
tia, que mais considera uma mãe. É impossível não se divertir e não se apaixonar
pela a tia Berê. Ela ama demais a Júlia, mas acha que a sobrinha não vive a
vida como deveria, sempre trabalhando e colocando os outros acima de si mesma. E
as coisas se complicam quando sua tia descobre que sofre de uma doença e precisa
urgentemente do transplante de um coração que parece nunca chegar.
-Não seja boba, Juju. Você sabe que não estou sendo literal. A minha vida acabou no momento em que aquele déspota ali na porta me proibiu de comer costelinha de porco. Como ele espera que eu sobreviva a isso?
Com isso começa toda a confusão
da história. Após sua tia ir para o hospital com grande risco de vida, Júlia
resolve inventar que possui um namorado. Na verdade, seu amigo inventa e ela
confirma, apenas para deixar a tia feliz em seus possíveis últimos minutos,
enquanto está torcendo por um milagre.
E, sim, o milagre acontece. Sua tia
melhora e começa então a planejar o casamento da sobrinha, chegando até mesmo a
pagar pela contratação do casamento caríssimo e perfeito dos seus sonhos. Só
que não existe noivo nenhum e a Júlia, com medo que sua tia piore, não tem
coragem de contar que mentiu e se vê desesperada por uma solução, até que ela
conhece Marcus.
- Como está sua tia?
- Estável. Louca como sempre...
Ele riu.
- Eu gosto de pessoas loucas.
- Isso não me surpreende – resmunguei. – Dizem que um louco sempre reconhece outro.
Marcus Cassani sofreu
um acidente de moto e é cadeirante. Tem esperanças de voltar a andar e deseja,
mais do que tudo nesse momento, morar sozinho. Assim como Júlia, ele conta uma
pequena mentira dizendo para sua mãe que tem uma cuidadora e que não há com o
que se preocupar.
E novamente uma ideia maluca se
forma. Sério gente, qual é o problema dos homens da família Cassani? Enfim. Ele
resolve propor um acordo para Júlia, no qual ele finge ser seu namorado por
um tempo para sua tia, enquanto ela finge ser a sua cuidadora. Parece o plano
perfeito, mas lógico que as coisas se complicam. O que começou com duas
pequenas mentirinhas se torna uma bola de neve totalmente fora de controle
quando a razão se mistura com desejos e sentimentos.
- Deve ser um dom. Eu tenho muitos. – Ele pegou uma mecha do meu cabelo, enrolando-a no indicador. – E um deles é irritar você.
- Até a morte. – Ergui o rosto para ele.
- Não. Até a morte, não. – As íris estupidamente verdes percorreram meu rosto, cada detalhe dele, até se fixarem em minha boca. – Apenas até que você fique tão furiosa comigo que não consiga pensar em mais nada. Só em mim.
Nesse livro a escritora trouxe
mais do que uma história bem-humorada e um romance de suspirar. Foram abordados
alguns temas polêmicos, como a realidade de portadores de necessidades
especiais e o assédio e culpabilização da vítima.
Achei incrível como a realidade
dos portadores de necessidades especiais foi trazida para dentro da história
justamente com o protagonista. E o mais legal de tudo é que Julia em nenhum
momento vê Marcus de uma forma diferente por causa disso, ela vê alguém
semelhante a si mesma, que possui os mesmos problemas, sentimentos, medos e
anseios. O mesmo acontece conosco durante a leitura.
A Júlia e o Marcus têm muito em
comum, têm personalidades fortes e muito bem desenvolvidas, ambos são cabeça-dura
determinados, não se deixam acomodar diante das adversidades e nunca abandonam
seus sonhos. Os momentos entre eles acabam sempre sendo muito explosivos, com
diálogos divertidos e algumas situações embaraçosas, principalmente porque a
Júlia não resiste a um desafio e o Marcus... bem o Marcus não é capaz de ser
sério por mais de cinco minutos hahah.
Marcus me conquistou desde o
início do livro. A princípio ele é aquele cara irritante, mulherengo, sempre
cheio de piadinhas e comentários inoportunos na ponta da língua, o que rende
muitas situações engraçadas. Contudo, ao longo da história vamos percebendo que parte de seu caráter é o resultado dos acontecimentos de sua vida e uma maneira
encontrada por ele para enfrentar o mundo e todo o preconceito e dificuldades a
sua volta. Com isso, ele se transforma cada vez mais em uma pessoa encantadora,
divertida e extremamente irresistível.
- [...] E isso seria muito chato, porque eu nunca teria te conhecido. E você... você...
- Eu o que? – Tocou meu queixo, me obrigando a olhar para ele.
Sob seu olhar profundo e curioso, me ouvi dizendo a verdade:
- Você se tornou uma das minhas pessoas preferidas.
Um sorriso lento curvou seus lábios.
- Pode repetir essa última parte? Acho que eu não ouvi direito.
Prepare-se para rir muito e uma
dica: se você não consegue se controlar não leia em público, acredite em
mim, será muito constrangedor hahah. Se você ainda está em dúvida quanto a
esse livro, pare de pensar e vá ler. A leitura é muito agradável, fluída e a
todo momento você se sente transportado para dentro da história. A história é
divertida, apaixonante, cativante, sexy, reflexiva e muito envolvente.
Às vezes você se sente tão sozinho que parece estar à deriva no meio do oceano. Nada à frente, nada atrás, nada em lugar nenhum exceto as ondas que quebram sobre você ameaçando engoli-lo. Mas algumas vezes – raras vezes – um ponto negro surge no horizonte e vai crescendo até se tornar a silhueta de um barco, até uma mão se esticar em sua direção e você sair do inferno.
Nota: 5 estrelas
Nanda *-*
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