Calafrio, da Maggie Stiefvater, é o primeiro volume da série Os Lobos de Mercy Falls, que conta a história de Sam, um garoto que foi mordido quando era criança e se transforma em lobo sempre que chega o inverno, e Grace, que há seis anos foi arrastada do pátio de sua casa por uma alcateia de lobos, sendo salva por um misterioso lobo de olhos amarelos.
A alcateia se afastou de mim, desconfiada. Rosnaram para mim, não mais um deles, e mostraram os dentes para a presa. Eu achei que ela era a garota mais bonita que eu já tinha visto, um minúsculo e ensanguentado anjo na neve, e eles iam destruí-la.Eu vi. Eu a vi, como jamais havia visto algo antes.E impedi.
Desde então, Sam e Grace se encontram nos invernos.
Ela humana, ele lobo.
Diálogos silenciosos, olhares à
distância.
Ela verão. Ele inverno.
Dois opostos que se atraem desde o
primeiro momento.
Nos verões,
Sam vira humano, mas nunca tem coragem de falar com Grace, até que um rapaz da
escola dela é supostamente assassinado por lobos e toda a cidade sai à caça
desenfreada por eles. Sam leva um tiro e vira humano (não é spoiler, ok?! É o
começo do livro.), sendo encontrado por Grace nos fundos de sua casa. Aí os
papeis se invertem e ela salva ele, com o reconhecimento de que aquele é o lobo
de olhos amarelos, o qual ela chama de seu lobo.
Pela primeira vez na minha vida humana, minha mente não divagou compondo uma letra de música nem guardou o momento para uma reflexão posterior. Pela primeira vez na vida,eu estava ali e em nenhum outro lugar.
Foi uma leitura bastante sensitiva,
com as temperaturas, os cheiros, as visões e os toques. Tudo dotado de grande
sensibilidade, intensificando a leitura, com descrições tão vívidas e
detalhadas que nos fazem viajar dentro da história, em um misto de sensações e
sentimentos.
O cheiro de verão na pele dela, a cadência de sua voz, ainda não de todo esquecida, a sensação de seus dedos em meus pelos. Cada parte do meu corpo cantava com a recordação da sua proximidade. Perto demais. Eu não conseguiria ficar longe.
Achei muito legal esse universo
criado pela Maggie, onde os lobos não são seres malignos controlados pela lua
cheia, mas sim pessoas de verdade com passados tristes, que são controlados
pela temperatura.
O livro é narrado sob dois pontos
de vista, o de Grace e o de Sam, com as temperaturas que tem tanta influência
nesta história, informadas ao início de cada capítulo. Achei ótima essa mudança
de pontos de vista, pois nos permite um envolvimento maior com os personagens,
com seus sentimentos, seus medos e anseios. Eles são um casal muito fofo e seu
romance é inocente, calmo e refrescante como um sopro de verão. Tudo se
desenvolve no momento certo, e seus diálogos renderam muitos suspiros e caras
apaixonadas.
Mas não é só romance. À medida que a história vai se
desenvolvendo, vamos conhecendo mais os personagens, o passado de Sam e a
condição dos demais lobos da alcateia, presos em um destino triste e
indesejado, sem possibilidade de mudança.
Estávamos chegando e, passando por uns carvalhos a caminho de casa. Folhas sem brilho, de um laranja meio marrom, secas e mortas, agarravam-se aos galhos e oscilavam ao vento, esperando a rajada que as derrubaria no chão. Era isso o que Sam era: transitório. Uma folha de verão agarrando-se, o máximo que conseguisse, a um galho congelado.
É um livro que prende do início ao
fim, com tudo na medida certa. Ao mesmo tempo em que temos o romance, temos
todo o suspense que gira em torno do problema de Sam, dos lobos e os novos
conflitos trazidos por novos lobos na alcateia.
Destaque para o relançamento da
série pela editora Agir Now, com essas capas maravilhosas, folhas amarelas,
diagramação perfeita, um lindo livro.
Super recomendo a leitura.
Super recomendo a leitura.
Nota: 5 folhas de outono
Nanda *-*
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