Olá galera, tudo bem?
Este livro é o que é, o que significa que ele pode não ser o livro que você espera que ele seja.
Vou começar falando o que muita
gente me disse quando estava lendo esse livro e relatando minha dificuldade:
não existem meios termos, ou você vai amar ou vai odiar. E é exatamente isso.
As coisas que aconteceram a você te fazem ser quem você é, para o bem ou para o mal.
Quando terminei, além do sentimento libertador de missão cumprida – afinal, o livro estava na minha meta do ano passado e só consegui iniciar a leitura nesse ano e mesmo assim a leitura se arrastou e se arrastou infinitamente – eu amei demais, embora entenda porque muita gente odeie. Há tempos um livro não exigia tanto de mim. Foi difícil e embora quisesse ler e terminar logo nem sempre conseguia, como se a história tivesse seu próprio tempo.
O que não significa dizer que cada palavra será factual. Apenas que cada palavra será verdadeira. Ou tão verdadeira quanto eu consiga.
Em “A Menina Submersa” acompanhamos
India Morgan Phelpes, mais conhecida como Imp, em sua resolução de escrever uma
história de fantasmas. Há lobos, quadros, rios e sereias, muita paixão e um
suspense de perder o juízo, afinal nem mesmo Imp tem certeza sobre os fatos que
são verdadeiros. E tudo isso por conta de Eva Canning, que confunde cada vez
mais seus pensamentos e vira sua vida de cabeça para baixo, pois Eva surge
sempre repentinamente em sua vida, de várias maneiras distintas, mas vai embora
com a mesma facilidade.
O desconhecido é apavorante, mas a certeza me amaldiçoa.
Um fato importante é que Imp é
esquizofrênica, assim como sua mãe e sua avó eram, e ambas cometeram suicídio.
Assim, ela carrega, mesmo que sem querer, esse fardo e essa dúvida, afinal, ela
pode ser a próxima e seguir o mesmo destino, então fatos verdadeiros se
confundem com fatos criados em sua mente repleta de obsessões e transtornos.
Mas a parte triste das janelas é que a maioria delas abre para os dois lados. Elas permitem que você olhe para fora, mas também deixam que alguma outra coisa que acontece olhe para dentro.
Durante a leitura desenvolvi uma
espécie de relação de amor e ódio com a história. Em alguns momentos achava
esse livro genial e um dos melhores do mundo, mas em outros a história me
deixava exausta. Calma, não abandone esta resenha e esse livro ainda.
Fantasmas são essas lembranças fortes demais para serem esquecidas, ecoando ao longo dos anos e se recusando a serem apagadas pelo tempo.
De fato, a narrativa é um pouco
confusa. Imp não é uma narradora fácil de se acompanhar e a história é toda
contada sob o seu ponto de vista. Na verdade, o livro é constituído de uma
história dentro de outra história, digamos assim. Ao mesmo tempo em que narra,
Imp está datilografando sua “história de fantasmas”, enquanto passa por um
momento muito conturbado de sua vida. Ao mesmo tempo em que lida com seus
problemas psicológicos e os “fantasmas” do passado, tenta unir os fragmentos de
uma memória bastante comprometida, o que torna a história muito incerta e bem
pouco coerente na maior parte do tempo.
“Nada é sempre objetivo”, Imp datilografou, “embora a gente perca grande parte da verdade fingindo que é.”
A história tem um quê de fantasia e
realismo misturados de uma maneira, por vezes, lúdica, o que advém da própria
personalidade da protagonista. E que protagonista incrível. Imp é uma mulher
forte que está tentando tomar o controle de sua vida, a qual parece já estar
perdida para sempre, conseguindo ser divertida e muito arrebatadora em diversos
momentos da história.
Eu também trabalho numa loja de material de pintura e sou paga para isso. Mesmo assim, não me vejo como uma funcionária nem como caixa. A questão é: eu me vejo como pintora porque a pintura é o que eu amo fazer, aquilo por que eu sou apaixonada. Por isso, sou uma pintora.
Com certeza foi um livro difícil de
ser lido, mas definitivamente isso não deve te impedir de lê-lo. O interessante
é que até a metade do livro a leitura foi se arrastando de um jeito que não
sabia mais se gostaria e de repente estava tão envolvida com o enredo que não
parei mais. A história é uma das melhores e mais bem desenvolvidas que já li e
a escrita de Caitilín é fascinante e muito envolvente. É impossível não se
apaixonar e, até mesmo, se identificar, pois muitas vezes enfrentamos uma luta
constante e um eterno conflito entre o que vive em nossa cabeça e em nosso
coração e muitas vezes perdemos o controle e isso é muito palpável durante toda
a história.
Gente morta, ideias morta e supostamente momentos motos nunca estão mortos de verdade e eles moldam cada momento de nossas vidas. Nós os ignoramos e isso os torna poderosos.
Se depois de ler tudo isso você
continua em dúvida sobre esse livro tenho certeza que a beleza desta edição
especial lançada pela Darkside Books resolverá o problema. É simplesmente
impossível não querer ter esse livro na estante. Confesso que a primeira coisa
que me fez comprá-lo foi justamente isso. O livro é cheio de detalhes em todas
as partes e é capa-dura, lembrando mesmo um diário, além de que a lateral rosa
é um charme à parte.
Sem sombra de dúvidas esse livro
conta muito mais do que uma literal história de fantasmas, mas chega a ser tão
aterrorizante quanto, talvez até mais porque nos leva a um mergulho nas
profundezas da atormentada e cativante mente de Imp e não existe nada mais
aterrorizante do que isso. Não é uma mera história de terror, mas um thriller
psicológico e um quebra-cabeças que te deixará louco para desvendá-lo o mais
rápido possível.
Nota: 5 estrelas
Nanda
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